Há mais de 60 anos, Casas de Cultura da UFC conectam estudantes do Ceará com outros idiomas e novas oportunidades

  • 01/09/2024
(Foto: Reprodução)
Atualmente atendendo mais de 3 mil alunos com os cursos de idiomas, Casas de Cultura também se conectam com atividades de ensino e pesquisa na Universidade Federal do Ceará. Casas de Cultura Estrangeira beneficiam, atualmente, mais de 3 mil alunos em Fortaleza Ribamar Neto/UFC/Divulgação Um conjunto de casas rosadas no coração do bairro Benfica, em Fortaleza, tem portas e janelas abertas para o mundo. Criadas na década de 1960, as Casas de Cultura Estrangeira são uma referência pela qualidade no ensino de idiomas e representam o maior projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp Atualmente, cerca de 3,6 mil alunos estudam nos oito cursos ofertados: alemão, espanhol, italiano, francês, inglês, português, esperanto e Língua Brasileira de Sinais. As Casas recebem alunos de dentro e de fora da universidade, conectando os estudantes com possibilidades de trabalho e estudos, das vivências em outros países e, até mesmo, dos novos olhares para diferentes culturas e contextos. LEIA TAMBÉM: Casas de Cultura da UFC abrem mais de 1.400 vagas para cursos de idiomas em Fortaleza; veja como se inscrever Dos quilômetros aos afetos, residências universitárias ajudam estudantes a superar distâncias durante a graduação Animais feridos em enchentes do RS vão ser tratados com curativos de pele de tilápia, técnica desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará Nesta reportagem, o g1 apresenta histórias de alunos e professores que tiveram experiências nestes espaços da universidade, com relatos das possibilidades proporcionadas a cada um pelo projeto. 📚 Dentre os benefícios do aprendizado nas Casas, eles destacam: Conversas e atividades extracurriculares que exploram diversas competências linguísticas e abordam componentes da cultura e do cotidiano dos países falantes das línguas estrangeiras Aplicação de provas de proficiência e preparação para alcançar níveis de certificação padronizados internacionalmente Contato com professores e bolsistas intercambistas nas Casas que mantêm parcerias com institutos e governos de outros países Descoberta de novas oportunidades de estudos, trabalhos e vivências em outros países, além de maiores chances de integração nas comunidades internacionais por meio do domínio da linguagem Acesso a conteúdos diversos nos idiomas originais, como publicações científicas, livros, filmes e séries Com mudanças na gestão e adaptações às necessidades dos estudantes, as Casas de Cultura Estrangeira extrapolam a missão de ser uma extensão universitária, servindo também de espaço que fomenta o ensino e a pesquisa. Quando tudo começou Primeiras Casas de Cultura foram fundadas separadamente na década de 1960. Viktor Braga/UFC/Divulgação As Casas foram criadas de forma separada e tinham o nome de Centro de Cultura. A primeira delas foi o Centro de Cultura Hispânica, fundado em 1961 a partir de um convênio entre a UFC e o então Instituto de Cultura Hispânica de Madrid. Como a experiência foi bem recebida, outros centros foram criados nos anos seguintes. A iniciativa foi do professor Francisco Batista Luz, que dirigia a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFC. Naquele período, a instituição tinha como reitor o professor Antônio Martins Filho, considerado o criador da UFC. 🏘️ Confira quando foram criadas as Casas de Cultura Estrangeira: 1961 - Casa de Cultura Hispânica 1962 - Casa de Cultura Alemã 1963 - Casa de Cultura Italiana 1964 - Casa de Cultura Britânica 1964 - Casa de Cultura Portuguesa 1965 - Curso de Esperanto 1968 - Casa de Cultura Francesa 1987 - Casa de Cultura Russa (atualmente sem atividades) 2022 - Curso de Libras Antes com estruturas separadas, estes centros surgiram para auxiliar na missão de internacionalizar a UFC, conforme explica o professor Jimmy Costa, Coordenador Geral das Casas de Cultura Estrangeira. “O reitor, à época, sabia que a gente precisava sair do local em que a gente estava. Quando eu digo sair do local em que a gente estava, é se projetar. E com a ajuda das línguas estrangeiras, a gente poderia conseguir isso na universidade”, contextualiza o coordenador. Além de facilitar o contato dos estudantes com o conhecimento acadêmico produzido em outros idiomas, os cursos e as atividades de cada unidade buscam difundir os valores artísticos e culturais relacionados às línguas estrangeiras contempladas. “A gente trabalha numa área que é transversal e perpassa todos os cursos da universidade. A gente oferece língua estrangeira não só para dentro da universidade, mas também para fora dela”, destaca o coordenador. 📍 Com a criação da Coordenadoria das Casas de Cultura Estrangeira, em 1993, as unidades passaram a ser geridas de forma unificada, sendo atualmente um projeto vinculado à Pró-Reitoria de Extensão. Como as Casas funcionam Desde 2018, os cursos das Casas de Cultura estão adaptados ao Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas, que padroniza internacionalmente uma escala com os níveis de competência de cada aluno. 📖 Os cursos desenvolvem as competências dos alunos para falar, escrever, ouvir e ler na língua estrangeira. Níveis do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas Com isto, os estudantes podem se adequar aos níveis exigidos em processos seletivos adotados em outros países, como em editais para mestrados ou admissão para cursos de graduação no exterior. Até essa adequação, as Casas de Cultura ofereciam um ciclo básico em que os alunos concluíam as atividades depois de sete semestres. Com os ajustes realizados após 2018, cada Casa tem um ciclo diferente. A maioria delas oferece um ciclo básico de sete semestres com conteúdos que vão até o nível B1. Há também cursos para outros níveis e propostas diferentes a partir da realidade de cada coordenação. Cursos oferecidos nas Casas de Cultura Estrangeira 💰 Para os cursos regulares das Casas de Cultura Estrangeira, os alunos com Ensino Fundamental completo fazem apenas o pagamento de uma taxa de matrícula no início de cada semestre. Até o último período de matrículas, em 2024, este valor era de R$ 80. “Os nossos professores são especialistas, mestres e doutores, bem gabaritados e que passaram a vida estudando para isso. Então você sabe que realmente está entrando em um lugar que trabalha com excelência e por um custo que, quando a gente compara com o restante do mercado, é irrisório”, ressalta Jimmy. Há também estudantes que têm direito à isenção de algumas taxas, como pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), servidores da UFC e estudantes da universidade que são bolsistas. 🎓 Ainda conforme o coordenador Jimmy Costa, as Casas de Cultura vão além da proposta da extensão universitária. Isso porque os professores também ensinam e orientam os alunos dos cursos de Letras da UFC. As Casas também são um espaço em que os estudantes de Letras podem ter as primeiras experiências de sala de aula, monitorias e projetos voltados para o ensino de línguas. Descobrindo o mundo francófono Para estudar e praticar o francês durante o intercâmbio, Marianna Melo escolheu conhecer o Canadá Arquivo Pessoal Até ser aluna da Casa de Cultura Francesa, Marianna Melo não pensava em usar um idioma estrangeiro para aprimorar os estudos. Natural de Teresina, Marianna veio a Fortaleza para fazer a graduação em Engenharia Mecânica na UFC. Foi na convivência com outros alunos que ela se interessou pelo projeto. Como já tinha estudado inglês e espanhol na escola, ela teve vontade de estudar francês. “Depois, eu comecei a ter aspirações mais profissionais. Eu vi que o idioma poderia abrir portas e cogitei fazer um intercâmbio ou ver futuramente alguma vaga de emprego”, relembra Marianna. Ela estava no quarto semestre da Cultura quando foi selecionada pelo Ciência Sem Fronteiras, programa do governo federal que concedia bolsas de intercâmbio para estudantes de graduação. Na hora de escolher um país onde viveria um ano, Marianna preferiu o Canadá. “O Canadá é oficialmente um país bilíngue e tem uma província francófona. Isso foi uma coisa que aprendi, eu abri o meu olhar na Casa de Cultura. A gente só pensa na França quando fala no francês, mas lá eles falam pra gente que existe todo o mundo francófono, como alguns países na África e alguns lugares na Ásia”, comenta. A França também foi um destino visitado por Marianna Melo durante o ano de estudos no exterior Arquivo Pessoal Assim, ela foi morar na cidade de Montreal em 2014 e se encantou com a mistura das influências dos ingleses, dos franceses e dos povos indígenas. Durante o intercâmbio de um ano, Marianna estudou na École de Technologie Supérieure (Escola Superior de Tecnologia) e fez estágio na faculdade Polytechnique Montreal. Por viver em um país bastante acolhedor com estrangeiros, ela avalia que teve uma adaptação no próprio ritmo até conseguir falar com mais fluência. Durante esse período, Marianna também aproveitou para viajar para outros países onde o francês é falado, como a França e a Bélgica, convivendo com outros sotaques e paisagens. Atualmente, a engenheira voltou a morar no Piauí e gosta de revisar os materiais didáticos e consumir vídeos e séries para continuar em contato com o idioma. De aluna a professora de italiano Lívia Mesquita (terceira da esquerda para a direita) foi aluna e hoje é professora da Casa de Cultura Italiana Casa de Cultura Italiana/UFC Desde 2010, Lívia Mesquita é professora da Casa de Cultura Italiana. Mas a história dela com as atividades da casa é mais antiga. Ela começou como aluna quando tinha 15 anos, conciliando o aprendizado do idioma com as aulas do Ensino Médio. Na década de 1990, uma viagem pela Europa havia despertado a paixão pela Itália. O país tinha sido um dos destinos em um roteiro feito durante um intercâmbio em Cambridge, na Inglaterra. O encontro com a cultura italiana definiu as escolhas dela dali em diante. “A língua italiana é a oitava falada no mundo em número de falantes nativos, mas é a quarta mais estudada. Esse é um dado muito interessante porque ela é uma língua que representa coisas bonitas: a beleza da arte, da música que é representada na ópera, da poesia, da gastronomia… Então é uma língua representativa de muita beleza e prazer, de coisas boas”, explica a professora. Ao voltar a Fortaleza, Lívia começou a estudar italiano e se encantou também pelo ambiente das Casas de Cultura. Ela passou a ter vontade de trabalhar ali no futuro e cursou Letras - Italiano na UFC. E como os professores do projeto também dão aulas em disciplinas da graduação, o contato com a casa continuou. “Algo me chamava muito, e eu fui construindo mesmo os meus passos na academia, no mestrado, no doutorado, para chegar ali. Eu tinha muito esse foco”, relembra. Professores e estudantes celebraram, em 2023, os 60 anos da Casa de Cultura Italiana Casa de Cultura Italiana/UFC Segundo Lívia, as Casas de Cultura como projeto de extensão para o ensino de línguas envolvem o maior número de pessoas beneficiadas no Brasil. A professora aponta as vantagens de conhecer outro idioma, além das oportunidades de estudo e trabalho. “Ao aprender uma língua estrangeira, você desenvolve outras habilidades cognitivas. Por exemplo: a solução de problemas. Você acessa a sua língua dos afetos, das emoções, que é a língua materna. Se você quer resolver um problema, pensa nele em outra língua e você resolve de uma forma muito mais prática. Então há ganhos que não se materializam diante de nós, mas que são muito efetivos e presentes”, ilustra Lívia. A professora também teve experiências como aluna de inglês e francês nas Casas. Ela destaca que esse é o percurso de muitos alunos, que começam em uma das Casas e acabam se tornando poliglotas. Compartilhando a paixão pelos idiomas Daniel Cavalcante foi aluno de cinco idiomas nas Casas de Cultura e fez intercâmbio na Holanda Arquivo Pessoal Quando virou aluno da graduação em Ciência da Computação, Daniel Cavalcante percebeu que era um dos dois alunos da turma que não sabiam falar inglês. Natural de Mombaça, ele não teve acesso a cursos de idiomas na infância e na adolescência. Mas enxergava que o inglês seria importante para a carreira. Ele tentou entrar na Casa de Cultura Britânica fazendo a prova para o semestre inicial. A seleção acontece por meio de uma prova de conhecimentos gerais e da língua portuguesa. Por não ter conseguido passar para a Casa mais concorrida, Daniel buscou outra estratégia: se preparou para os testes de nível, que selecionam candidatos que já tenham algum conhecimento do idioma para vagas a partir do segundo semestre dos cursos. Foi assim que ele conseguiu ingressar em 2006. Ao começar o curso pelo quarto semestre na Casa Britânica, ele precisou se esforçar mais por sentir que os colegas estavam com melhor desempenho para se expressar oralmente. Naquele ano, ele também começava o primeiro semestre na Casa Francesa. “Eu comecei a gostar de idiomas, começou a virar um hobby. E eu comecei a me dedicar muito”, relembra Daniel, que hoje tem 37 anos e é professor de Tecnologia da Informação no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) em Jaguaribe. Daniel Cavalcante chegou a cursar três idiomas simultaneamente nas Casas de Cultura Arquivo Pessoal Ele levou a paixão a sério: concluiu todos os ciclos básicos das Casas Britânica, Francesa, Alemã, Italiana e Hispânica em dez anos. “Nos meus anos finais do francês e do inglês e nos iniciais do alemão, eu estava fazendo três ao mesmo tempo. Era todos os dias, de segunda a quinta, três horas sequenciais naqueles idiomas. E foi bem legal, o meu cérebro foi se acostumando com essa coisa de ter apenas dez minutos para transicionar entre um idioma e outro. No primeiro mês foi complicado, mas depois, rapidamente eu me acostumei com isso”, conta Daniel. Em 2013, ele foi selecionado para o intercâmbio pelo Ciência sem Fronteiras na Holanda, estudando sobre nanotecnologia e as aplicações para as telecomunicações. Com horários flexíveis para os estudos, ele conseguiu visitar 20 países em um ano. Por onde passava, buscava se comunicar nos idiomas que aprendeu. “Foi legal ver que o mesmo francês, o mesmo inglês, o mesmo espanhol que eu tinha aprendido em Fortaleza, sem nunca ter saído do Brasil, foi útil lá pra eu ‘me virar’ tranquilamente. Todo mundo me entendia, me respondia, a gente se comunicava”, detalha. De volta ao Brasil e atuando como professor, ele quis estimular outras pessoas a aprender idiomas por um baixo custo. Quando participou de um projeto com alunos das periferias de Fortaleza, ele viu o interesse dos estudantes e começou a fazer um curso preparatório para as seleções da Cultura. Entre 2009 e 2020, Daniel manteve esta iniciativa como voluntário, ajudando vários estudantes a ingressar nas Casas de Cultura. Depois de uma pausa durante a pandemia, o curso preparatório foi retomado e é ofertado como um produto virtual. Caminho para a carreira fora do país Casa de Cultura Alemã conta com professores intercambistas e projetos complementares para os alunos Viktor Braga/UFC/Divulgação O conhecimento da língua alemã foi essencial para que Ariane Vieira, de 29 anos, construísse uma trajetória fora do Brasil. Ela teve uma oportunidade de estágio de três meses na Alemanha enquanto fazia graduação em Engenharia Química e cursava a Casa de Cultura. Ariane havia decidido estudar alemão para se desafiar em um idioma mais complexo. Aos poucos, foi percebendo que o país europeu tem boas oportunidades para a área que resolveu estudar na graduação. O programa de estágio de iniciação científica na pequena cidade de Jena foi uma chance que ela aproveitou em 2018. Mesmo sendo mais tímida na hora de falar alemão, a experiência ajudou Ariane a ficar mais próxima da língua. Depois de voltar para o Brasil, ela concluiu o curso básico da Casa de Cultura Alemã e foi orientando os estudos para seguir um objetivo específico: ser aprovada para um mestrado fora do país. Atualmente, Ariane mora e estuda na cidade de Aachen, também na Alemanha. Por ter aulas do mestrado em inglês e viver em uma região que recebe muitos estudantes de várias partes do mundo, ela tem se esforçado para praticar mais o alemão no cotidiano. Casa de Cultura Alemã oferece curso básico e intermediário do idioma Viktor Braga/UFC/Divulgação Depois do mestrado, ela pretende buscar outras oportunidades de trabalho e estudo na Europa ou em outro país. A decisão é a de seguir uma carreira acadêmica fora do Brasil, pois ela considera importantes a convivência em locais onde encontra mais qualidade de vida e maior sensação de segurança. Estas perspectivas foram possíveis com as experiências na universidade e na Casa de Cultura Alemã. Segundo Ariane, a qualidade dos professores foi importante nessa formação, incluindo um semestre em que foi aluna de um professor intercambista. Como bolsista da UFC, ela também cursou vários semestres com isenção das taxas de matrícula. “O conteúdo sempre foi muito bom, e o fato de ter professores que tinham muitas experiências na Alemanha ajudou muito. Lembro de um professor que sempre falava de cultura na aula, não era só gramática. Mais pro final também tive um professor italiano que morava em Berlim e veio dar aula em Fortaleza. Também ajudou bastante o fato de a Cultura sempre organizar eventos extracurriculares. Se eu tivesse mais tempo, gostaria de ter participado mais”, partilha Ariane. Um dos projetos que ela conseguiu vivenciar como aluna da Casa foi um minicurso que abordava a tradução de cartas das vítimas do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Para a estudante, iniciativas como essa trazem mais reflexões sobre história e cultura. Na Casa, vários projetos e parcerias Perspectivas de estudo e trabalho Igor Maia estudou idiomas por saber das oportunidades para estudantes de engenharia na Europa Arquivo Pessoal As parcerias e oportunidades facilitadas pela universidade pública foram essenciais na trajetória do pesquisador Igor Maia, de 34 anos. Além de ter sido aluno de inglês e francês nas Casas de Cultura, ele teve uma primeira chance de estudar fora do país ao ser selecionado no Programa de Cooperação Franco-Brasileira para a Formação e Pesquisa em Engenharia (Brafitec), como aluno da UFC. Quando fez intercâmbio de estudos na cidade francesa de Nantes, Igor já tinha cursado quatro semestres na Casa Francesa e estava perto de concluir o curso avançado da Casa Britânica. A escolha por estudar idiomas veio pela afinidade e pelo conhecimento das chances no exterior para estudantes de Engenharia Mecânica. “No meu campo de pesquisa, o inglês é a língua dominante. Então toda a comunicação escrita, os artigos científicos publicados, a comunicação em congressos é feita em inglês. Sem o conhecimento de inglês, que eu busquei adquirir desde cedo, não seria possível”, conta Igor, que ainda estava no Ensino Médio quando ingressou nas Casas. O pesquisador Igor Maia viveu na França para cursar mestrado, doutorado e início do pós-doutorado Arquivo Pessoal Igor também foi para a França para os períodos de mestrado, doutorado e início de pós-doutorado, vivendo na cidade de Poitiers. Para estas experiências, conhecer o idioma local também foi decisivo. “A sociedade francesa é muito orgulhosa em relação à língua deles, é uma questão cultural e nacional muito forte. Apesar de o inglês ser dominante no contexto científico, dentro dos laboratórios da França, as pessoas falam majoritariamente o francês. O fato de eu chegar sabendo falar francês foi uma coisa que me permitiu avançar bastante rápido na minha comunicação e no meu trabalho”, detalha. Atualmente, Igor é pós-doutorando em Mecânica dos Fluidos no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), morando em São José dos Campos. Ele também aproveita o conhecimento das línguas estrangeiras para conhecer mais das outras culturas, com leituras, filmes e notícias em inglês e francês. Inovação como aliada do ensino Aula especial de italiano leva os alunos à cozinha para um conteúdo diferenciado na Casa de Cultura Thaís Brito/G1 A Casa de Cultura Italiana não poderia deixar de ter uma cozinha. De tão importante para a identidade dos italianos, a gastronomia é parte do aprendizado dos estudantes nos cursos do ciclo básico. Assim, a comida aparece em algumas atividades, como confraternizações e aulas especiais. Em uma dessas lições deste mês de agosto, os alunos do primeiro semestre foram apresentados aos hábitos alimentares da Itália com ajuda de Nara Avelar, professora e coordenadora da Casa Italiana. Isso enquanto aprendiam também as receitas para alguns molhos que acompanham as massas. Para a professora, o mais prazeroso é ter o ambiente da extensão universitária como um diferencial em relação a cursos com grades mais fixas. Mesmo cumprindo um programa que visa a certificação de cada idioma, as Casas de Cultura também abrem espaço para as diversas práticas no ensino. A professora Nara Avelar enxerga nas Casas de Cultura da UFC um espaço para a inovação no ensino Thaís Brito/G1 “Temos, sim, que trabalhar a parte da estrutura da língua, mas a gente inova até nisso e pode arranjar outros recursos para trazer elementos culturais. A gente está numa era em que qualquer vídeo do Youtube, qualquer TikTok já é uma concorrência, digamos assim… Então o que motiva o aluno a ir pra uma sala de aula se tem tanto material à disposição? A presença do professor, a inovação em sala de aula e essas atividades diferenciadas motivam o aluno”, comenta Nara. Clubes de leitura, festas comemorativas, passeios temáticos, teatro improvisado e até karaokê. Todas estas ideias cabem nas atividades propostas por professores, bolsistas e intercambistas das Casas. Passeios temáticos, confraternizações e clubes de leitura são algumas das atividades propostas nas Casas de Cultura Estrangeira Casa de Cultura Italiana/UFC Hoje coordenadora, Nara Avelar teve as primeiras experiências de docência como estagiária nas Casas de Cultura. Ela foi aluna de Letras na UFC e, antes do mestrado e do doutorado, morou e trabalhou na Itália. Professora da Casa há sete anos, busca compartilhar o que vem aprendendo nos anos de estudos e experiências. Para ela, é importante que a língua ajude a desconstruir estereótipos sobre as culturas estrangeiras e os países estudados. Outro aspecto que ela destaca é a chance de se integrar melhor fora do país de origem. “Em determinados momentos, a língua também vai ser um instrumento de poder. Quando você está no lugar e chega falando aquele idioma, dominando os aspectos culturais que a maioria das pessoas pensa que o estrangeiro não sabe, você ganha respeito, você mostra que quer fazer parte daquela comunidade por um período”, explica. No olhar de Nara, o trabalho inovador das Casas também é possível por causa dos esforços empreendidos pelos professores, que buscam ofertar um serviço de excelência em meio aos desafios para garantir verbas e condições para a continuidade do projeto a cada ano. A luta é para preservar um trabalho que considera pioneiro e que destaca o nome da UFC pelo projeto de extensão lembrado pela qualidade e pelo impacto dentro e fora da universidade. Carimbos no passaporte e experiências Pelo bom desempenho na Cultura Alemã, Gabriel Braga (centro da foto) foi selecionado para um curso em Berlim Arquivo Pessoal O advogado Gabriel Braga, de 28 anos, também foi um dos alunos que começou cedo no aprendizado de idiomas. Ele tinha 15 anos quando ingressou na Casa de Cultura Francesa, realizando uma vontade que já existia por saber da qualidade dos cursos. “Na verdade, eu sempre fui apaixonado por línguas estrangeiras. Desde pequeno, eu me imaginava me comunicando em outras línguas e conhecendo outros países, outros climas, outras culturas”, conta. Entre 2011 e 2023, ele cursou francês, inglês, alemão, italiano e espanhol nas Casas de Cultura. Atualmente, Gabriel está no Brasil pela terceira vez estudando com ajuda dos idiomas que aprendeu em Fortaleza: ele mora na França enquanto cursa o doutorado em Direito pela UFC em co-tutela com a Université Paris Cité. Por boa parte da vida, Gabriel frequentou até duas Casas ao mesmo tempo, participando das atividades propostas dentro e fora das salas de aula. Ele também é um dos alunos que consideram como uma segunda casa o espaço do Centro de Humanidades da UFC. “O preço, que é bem acessível, me permitiu cursar principalmente mais de uma ao mesmo tempo. Então quando era possível e os meus horários me permitiam, eu cursei mais de uma Casa de Cultura ao mesmo tempo”, relata o advogado. Gabriel Braga também foi bolsista em um curso de verão pela Universidade de Milão, na Itália Arquivo Pessoal Foi pelo bom desempenho nos cursos que Gabriel foi selecionado como bolsista em cursos rápidos no exterior, com parcerias articuladas pelas Casas. Foram duas experiências em 2018: uma na Itália e outra na Alemanha. O curso de verão sobre língua e cultura italiana foi realizado na Universidade de Milão na cidade de Gargnano. E o curso de alemão foi em Berlim por meio do Instituto Goethe. “Esse aprendizado do francês e de todas as línguas na Casa de Cultura me permitiram essa abertura ao mundo. Quando surgiu uma oportunidade profissional em outro país, eu pude me engajar mais facilmente, já que eu já tinha essa base do conhecimento adquirida por meio dos cursos. Realmente, é um projeto maravilhoso do qual sou muito orgulhoso de ter feito parte”, conclui. Cursando o doutorado na França, Gabriel considera que a experiência atual tem sido a mais desafiadora. Enquanto na Itália e na Alemanha ele estudou por menos tempo e com alunos estrangeiros, o nível exigido agora é maior para acompanhar os estudos com falantes nativos do francês. Tradição e perspectivas de futuro Casas de Cultura Estrangeira devem ter reforço em atividades com a criação da Pró-Reitoria de Cultura da UFC Ribamar Neto/UFC/Divulgação Neste ano de 2024, duas unidades fazem as celebrações ao completarem 60 anos de fundação: a Casa Britânica e a Casa Portuguesa. Abrigadas em imóveis que também guardam a história arquitetônica do bairro Benfica, todas as casas continuam em um papel de fomentar sonhos e projetos dos estudantes. “As Casas de Cultura são esse trampolim: você pensa onde você quer chegar, e elas levam você mais longe. E eu costumo dizer para os meus alunos que, aprendendo a língua estrangeira, você jamais vai estar perdendo tempo ou preenchendo um espaço com algo que não vai usar. A gente não sabe quando, mas quando as oportunidades chegam, você está preparado”, resume o Coordenador Geral Jimmy Costa. Ainda segundo o coordenador, a criação recente da Pró-Reitoria de Cultura da UFC é um elemento que vai contribuir para intensificar as atividades culturais das Casas nos próximos anos. A ideia é evidenciar as atividades que diferenciam o projeto como um espaço de divulgação de cultura e valores artísticos, em vez de ser apenas um centro de idiomas. A Pró-Reitoria de Cultura foi criada em agosto de 2023, como um dos atos que demarcou o início da atual gestão da UFC. Deixando o status de secretaria, a Pró-Reitoria deve coordenar e planejar as atividades culturais no âmbito da universidade. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/educacao/noticia/2024/09/01/ha-mais-de-60-anos-casas-de-cultura-da-ufc-conectam-estudantes-do-ceara-com-outros-idiomas-e-novas-oportunidades.ghtml


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